Comentários sobre o Texto: Quando o delito é ser Jovem da Periferia

>> domingo, 21 de setembro de 2008



Querida Kelly Cristini,
li o seu texto e foi impossível não me emocionar. A sua sinceridade, ternura, a sua revolta me comoveram - não pude esperar pra escrever pra você, escrevo agora, já.
Não tive tempo nem de pensar, mas quero dizer que uma pessoa só, sozinha, é vulnerável. A sua indignação tem que produzir resultados. Tem que ser divulgada. Vocês, do seu grupo e todos à sua volta, têm que fazer alguma coisa: não sei o quê, não conheço Londrina, mas sei que devem existir pessoas, instituições, grupos, que têm o dever de se juntar a você e a vocês, para muito mais do que uma simples marcha pela paz ou coisa que o valha: pensar reações mais concretas, eficazes. Fazer!
Onde? No governo, nos jornais, nos sindicatos, nas associações de bairro, nas ruas? Não sei. Sei - isso, eu sei com certeza! - sei que a sua voz, minha querida Kelly Cristina, não pode calar, nem ser esquecida!
Com todo meu carinho,

Augusto Boal


Pessoas,


Vendo esta manifestação linda da Kelly,envio também uma carta escrita pelo Roberto Malvezzi da CPT(Comissão de Pastoral da Terra)no período em que a Isabela Nardoni foi morta. Deixo-a para que façamos juntos este debate,e como o Boal próprio diz, que comecemos no nosso local,que possamos ir além dos manifestos e do sensacionalismo da mídia. Que esta nova sociedade seja tecida com nossa organização e força. Forte abraço.


Leon Patrick Ponto de Cultura Folclore nas barrancas do São Francsico

Buritizeiro-MG



Prezado Leon,

Esse texto me lembrou uma notícia que ouvi no rádio aqui no Rio, da morte de um menino pobre de três anos.Morreu no hospital.Foi espancado pelos pais.Morreu no mesmo hospital por onde já havia passado várias vezes por conta de lesões justificadas como queda.Caía da escada, caía da cama, caía do ônibos até que caiu de vez.Na rádio, falavam do horror cometido pelos pais.


Gente cruel. O que me chamava a atenção é não ter havido nenhum processo contra o hospital, contra os médicos que não fizeram nada para proteger uma criança que com apenas três já tinha tido várias entradas no hospital com lesões e ematomas por conta de quedas acidentais.Um dia no rádio e nada mais.Todos os dias crianças são vítimas de violência e sofrem agressões ouvidas por vizinhos.Quando morrem, dependendo da classe social, viram manchete ou número estatístico.Outra coisa que chama atenção é o título da infração cometida por jovens.


Quando jovens de classe média matam seus pais ou cometem outras ações criminosas, são adolescentes perturbados.Quando trata-se de jovens pobres, são menores infratores ou delinquentes.


Forte abraço,

Bárbara Santos

CTO-Rio


Prezada Kessy Cristini,

Acabo de chegar do interior de Sergipe.Fizemos a Mostra Interior de Teatro do Oprimido, do projeto Fábrica de Teatro Popular Nordeste, na cidade de Lagarto. Quatro grupos se apresentaram, entre os quais três formados por jovens. Nos espetáculos: discriminação social. Dois grupos encenavam situações de discriminação por endereço: jovens pobres da periferia sendo discriminados por serem jovens pobres da periferia.A realidade de muitos jovens sergipanos é a mesma de jovens de muitos outros lugares do Brasil, fadados à marginalização por sua condição sócio-econômica.


Em Lagarto, Estância, Propiá e Simão Dias, assim como você aí em Londrina, jovens sobem ao palco para dizer que não aceitam a discriminação e para perguntar à sociedade o quais são as alternativas para transformar essa realidade que está na base da barbárie descrita por você.Você começou a fazer a sua parte, escrevendo esse texto e fazendo TO. De minha parte, vou divulgar seu texto para outros jovens. Isso não resolve nada de imediato, mas mobiliza.Quem sabe esse não pode ser um passo para começarmos a imaginar um Encontro Nacional de Jovens praticantes de TO? Quem sabe uma Mostra Pública onde esses temas apareçam não pode ajudar a buscar as ações concretas continuadas?Estar articulado é fundamental. Juntos nossas possibilidades se multiplicam.


Até breve!

Bárbara Santos

CTO-Rio

Querida Kessy
Aqui no Recife, vivemos o mesmo problema. Assim como você sinto tal indignação. Lembro-me de você, conversamos um pouco quanod estive ai com a Equipe Pressão no Juízo na mostra de 2007 e tomo a liberdade de quem tem uns poucos anos a mais de experiência para te alertar em relação a algo que vivo por aqui.

A sua indignação é justa, ética e deve ser transformada em ação concreta o quanto antes. Antes mesmo das pessoas que não foram baleadas ou que não querem enxergar o problema te virem as costas nessa luta.
Escapei de ser mais um na lista das estatísticas da violência racial em Pernambuco. Escapei das balas do revo´lver do policial que queria me matar por conta do seu preconceito porque vi uma alternativa, meses antes, numa cena de TO.

Escapei e me indignei mais ainda, a ponto de querer falar à todos sobre o meu problema, quis alertar a todos os jovens negros que invariavelmente são vítimas da violência policial em Pernambuco. Quis, mas não posso, pois como bem disse Boal em resposta ao seu texto, quem está sozinho é vulnerável.

Portanto se você está entre pessoas que assim como você se indignam diante dessa realidade, façam algo logo, urgente, como quem não pode esperar mais, pois o tempo acomoda e nos faz aceitar o inaceitável.

Em Pernambuco o movimento parou. De tanto ver os jovens mortos (somos o maior estado em número de jovens assassinados) ninguém mais se movimentou. E eu continuo com medo de ser mais um número nas estatísticas.


Conte com o meu apoio, a distância diminui quando estamos ligados

por uma causa justa e verdadeira.
Abraços e obrigado pelo seu texto, que me fez querer juntar

um novo grupo de pessoas para retomar a luta em Recife.


Cláudio Rocha

Pressão no Juizo - Recife PB

Read more...

Quando o delito é ser jovem de periferia

>> domingo, 14 de setembro de 2008


Os dias passam e jovens carentes, continuam morrendo todos os dias. Além dos três adolescentes mortos no fim de semana (28), mais dois foram baleados. Um rapaz foi atingido com dois tiros no jardim Interlagos, zona leste da cidade. E, no jardim Ideal, mesma região da cidade, outro adolescente de 16 anos foi baleado. Os grandes meios de comunicação nem reparam no fato, e os que reparam, convertem o caso em um numero a mais.”Aí me vem na cabeça aquela velha pergunta –Porque quando é pobre ninguém quer?”


Agora quando morre um jovem de classe média alta, toda população se mobiliza e faz passeatas pela paz. “Será que a vida de um adolescente de periferia num vale nada?”


Mas sei que o grande problema que vemos vem do próprio sistema, e os mais afetados acabam sendo os jovens carentes, a grande falta de empregos, infra-estrutura e até mesmo cultura acaba levando-os a marginalização na sociedade de consumo.


Esquecidos pelos poderes públicos, tendo como única presença efetiva dos mesmos nessas áreas apenas a polícia, com toda sua carga negativa.O poder público parece isentar-se de seu dever como agente cooptador, e acaba deixando brechas sociais, que são aproveitadas pelos criminosos para se apresentarem como benfeitores, suprindo uma necessidade do ESTADO, ajudando os jovens a encontrar dinheiro “fácil” e voltar ser aceito na sociedade de consumo.


Portanto seduzir um jovem que necessita de um emprego, possui o sonho de ter um tênis “maneiro”, possuir roupas de grife e outras utilidades, fica muito fácil, embora o dinheiro do crime não seja limpo ajuda inseri-lo novamente na sociedade de consumo, mesmo que por pouco tempo.


Estamos vivendo em um mundo onde dinheiro é tudo, e o resto inclusive a vida perde sua importância.


Kessy Cristini

Read more...

Começou; agora ninguem segura.

>> quarta-feira, 3 de setembro de 2008


Hoje, terminamos a primeira sequência de apresentações de "Julia Z...", digo sequência por foram 2 apresentações na mesma Escola (Escola Lucia Barros), uma para a turma do Período da manha e uma para turma da noite. Foi uma experiência muito interessante, pois é a partir dessas apresentações que o espetáculo começou a "encontrar seu público alvo".


No período da manhâ, o espetáculo foi mais tranquilo, apresentamos dentro de uma sala multi-uso da Escola, os alunos estavam mais focados. Foi mais tranquilo e ritmo da apresentação foi mais lento, dando tempo aos espectadores de refletir e ponderar sobre cada cena.


No período da noite, a apresentação foi um pouco mais apimentada, primeiro por que apresentamos no pátio; demarcamos a área de representação e o espetáculo ganhou contornos de Teatro de Rua. O elenco sofreu um pouco, tendo que ampliar as cenas, a voz, as marcações, o ritmos das cenas, buscando uma forma estética mais adequada. Outro fator a destacar nesta apresentação, foi o fato de que muitos alunos identificaram os personagens, comparando-os com pessoas do seu meio, da comunidade; e muitos é claro, se identificaram com os personagens. Sobre tudo com persoagem de "Carlos A de B", o traficante de nossa peça. O que gerou "certo receio", entre alguns funcionários da escola. Uma funcionária, inclusive nos relatou que alguns dos jovens que assistiram a peça estavam "mais ou menos" cit. envolvidos com o tráfico de drogas.


Fiquei muito feliz em ver que os objetivos do espetáculo estavam sendo atingidos, a medida em que a peça avançava. A reflexão do público sobre os temas abordados, a leitura das imagens por traz das imagens, o envolvimento não-empatico com os personagens; onde o público procurava "refletir sobre as ações que os faziam regiar em cena".


Estas apresentações despertaram interesses de outros professores que nos convidaram para apresentar nosso espetáculo em 3 escolas da Região Norte.

Começou...agora, ninguem segura....


P.s Boas vindas a Carol, Multiplicadora da FTO que entrou para o Grupo OTO. Bem vinda

Read more...

Nós Participamos!


Visit Rede Teatro do Oprimido

Read more...

O Teatro Jornal

Uma das nove técnicas do Teatro do Teatro do Oprimido de Augusto Boal. Esta técnica permite a transformação de notícias de jornal, ou qualquer outro material sem propósito dramático, em cenas ou ações teatrais.

Mais sobre o Grupo

O Grupo Oficina de Teatro do Oprimido foi formado no ano de 2006, através das Oficinas Regulares de Teatro do Oprimido, do Projeto Teatro e Transformação Social, realizado pela Fábrica de Teatro do Oprimido de Londrina (FTO), no Centro Cultural Luppercio Luppi, na Zona Norte da cidade, também conhecida como Cinco Conjuntos.

Produção Do Grupo

2006- - Operário em Construção

2007 - Meu Pixaim (Teatro-Fórum)
Dia de Revista (Teatro-Fórum)

2008 - A Trágica História de Júlia Z

2009 - Valor de Troca

  © Blogger templates Shiny by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP